Estenose Vaginal

Estenose Vaginal Pós Radioterapia

A estenose vaginal é o encurtamento e/ou estreitamento do canal vaginal, ou seja, é quando o canal vaginal tem uma diminuição no seu comprimento e/ou largura devido ao acúmulo de tecido cicatricial na vagina após o tratamento de radioterapia pélvica.

A radioterapia é um tratamento localizado que utiliza radiação ionizante próximo ao local do tumor, é um tratamento complementar e comumente utilizado nos cânceres ginecológicos e cânceres proctológicos sendo aplicado na região pélvica. Devido ao direcionamento da irradiação, local de aplicação e a localização do tumor, os órgãos pélvicos podem ser afetados diretamente pela radiação.

A estenose vaginal é uma alteração que pode acontecer pelo recebimento dessas radiações, podendo aparecer semanas após a radioterapia ou ter um efeito tardio e aparecer anos após o término do tratamento. O pico de aparecimento da estenose ocorre em média com 3 meses após o término da radioterapia pélvica. O seu aparecimento é bastante variável e depende das características de cada indivíduo, da quantidade de radiação recebida e do estadiamento (grau) em que se encontra o câncer.

Os efeitos e modificações que podem ocorrer na vagina ao longo do tempo são o acometimento da mucosa da vaginal com diminuição do aporte sanguíneo e posterior atrofia da vagina com formação de tecido cicatricial (fibroses e aderências) e consequentemente uma vagina com perda da elasticidade e diminuição da lubrificação vaginal (ressecamento vaginal). Essas modificações e acometimentos no canal vaginal podem evoluir ao longo do tempo e levar a uma piora progressiva do encurtamento e estreitamento do canal vaginal (FIGURA 1).

Essas modificações no canal vaginal implicam diretamente na qualidade de vida de mulheres que realizaram radioterapia pélvica pois trazem alterações importantes na vida sexual de mulheres sexualmente ativas e prejudica a realização dos exames ginecológicos de rotina, que são indispensáveis no seguimento das mulheres que passaram pelo tratamento oncológico.

O acompanhamento da paciente com a fisioterapia pélvica oncológica tem o intuito de prevenir ou tratar a estenose vaginal, além de auxiliar na melhora de outras disfunções que podem vir associadas a estenose. A fisioterapia oferece diversos recursos como a utilização de dilatadores e vibradores vaginais, massagem perineal, treino do assolho pélvico com biofeedback, eletroestimulação, fotobiomodulação e treino com exercícios específicos da região pélvica. Sendo assim, quanto mais precoce for o início da fisioterapia pélvica oncológica maior é a chance de sucesso no tratamento da estenose vaginal e melhora da qualidade de vida da paciente.

FIGURA 1 – A: Órgãos pélvicos antes da radioterapia; B: Órgãos pélvicos pós 3 anos de radioterapia (com atrofia de 2/3 superior da parede vaginal). Artigo: Literature Review of Vaginal Stenosis and Dilator Use in Radiation Oncology

por: Keyla de Paula Barbosa
Fisioterapeuta especializada em Oncologia – UnB/HUB
Mestre em Ciências da Reabilitação – UnB
CREFITO 11 – 216910/F

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