esvaziamento cervical

Fisioterapia para as sequelas dos Esvaziamentos Cervicais

Em 1906, Crile descreveu o esvaziamento cervical radical (ECR) e Martin (1951) popularizou esta operação, que compreende a remoção de todo o tecido linfático do pescoço, além de estruturas com íntima relação com as cadeias linfáticas cervicais, tais como:músculo esternocleidomastoideo, veia jugular interna e nervo acessório (XI par craniano). Entretanto, este procedimento é esteticamente deformante e produz desordens desde estruturas da face e pescoço até o complexo do ombro homolateral à cirurgia.

Retrações Cicatriciais

Após uma cirurgia é fundamental acelerar a cicatrização para que a mesma fique menos visível e dolorosa e sem aderências. Quando há uma cicatriz cirúrgica verifica-se sempre alguma limitação de movimentos e dor quando se efetuam as atividades do dia-a-dia. O ser humano tem um processo fundamental de proteção que o leva a parar o movimento quando tem dor. Na maior parte das situações o parar de mexer tem um efeito negativo: retarda a recuperação, podendo mesmo pôr em risco o resultado final (ficando com a função limitada). Mantém-se o edema que, com o tempo, fibrosa e endurece, modificando o aspecto da pele e diminuindo a flexibilidade e a sensibilidade.

Neste equilíbrio difícil entre a necessidade de imobilidade e a vantagem de uma correta mobilização é necessário saber até onde se pode ir, sem pôr em risco a recuperação biológica. Mexer demais ou de maneira inadequada também tem os seus riscos.

Inicio o movimento controlado da zona onde está situada a cicatriz, supervisando, acelerando assim, o regresso à vida normal. Massagear tanto a cicatriz como os tecidos circundantes para aliviar a dor, diminuir edema e facilitar a normal sensibilidade é essencial. Oriento o paciente na execução de exercícios variados, respeitando os limites de cada um, de forma a não comprometer a(s) cicatriz(es).

Com a ajuda da fisioterapia os pacientes recuperam-se mais rapidamente, têm menos dores durante esse período, retomam as suas atividades do dia-a-dia mais cedo e ficam com menos sequelas. Cicatrizes não tratadas podem causar contraturas, diminuição da ADM, diminuição do fluxo linfático e em casos mais graves, como queimaduras, pode causar deformidades, dor e desconforto.  É importante verificar o tempo da cicatriz, se esta é recente ou não.

O kinesiotape pode auxiliar no tratamento das cicatrizes por auxiliar na deposição das fibras de colágeno, reduzindo atrofias e aderências, suavizando e “nivelando” a cicatriz, além de melhorar a maleabilidade e reduzir o risco de contraturas.  As aplicações são realizadas com diferentes tensões nas bandagens, relacionadas ao objetivo do tratamento. A técnica oferece um bom resultado em cicatrizes antigas com alto grau de restrição e em grandes aderências.

Trismo – Limitação da abertura da boca

O tratamento fisioterapêutico do trismo é significativamente necessário para facilitar e assegurar o retorno à função normal ou o mais próxima à ela. A fisioterapia é indicada para o alívio da dor dos músculos têmporomandibulares, para reeducar o sistemas neuromuscular, reestabelecendo a posição de repouso e coordenação muscular, a dinâmica normal nos casos de assimetrias funcionais, a mobilidade condilar normal bem como o equilíbrio normal da relação crânio-caudal.

As técnicas fisioterápicas utilizadas nos quadros de trismo são: técnicas de massagem, exercícios e alongamento, com o objetivo de liberar aderências, restaurar movimentos faciais e melhorar a circulação, propiciando um aumento da amplitude articular da mandíbula, os exercícios exigem muita cooperação e dedicação por parte de doente.

O foco do tratamento fisioterapêutico está primariamente na redução do quadro inflamatório, da dor e dos espasmos musculares na região da ATM , em seguida, na tentativa de restaurar  a biomecânica articular normal , além de harmonizar as relações entres os tecidos moles da região.

Habitualmente algumas ferramentas são utilizadas como incentivadores da amplitude de abertura da boca e aumentam a eficácia dos exercícios fisioterapêuticos bem como aceleram o processo de reabilitação. São eles: tampões de borracha, espátulas de madeira (abaixadores de língua), dispositivos manuais facilitadores da dinâmica de abertura da boca.

Linfedema de Face

As alterações funcionais causadas pelo linfedema facial provocam prejuízos na fala e deglutição e o comprometimento da cicatrização do local operado. Além disso, as deformidades de cabeça e pescoço promovem alterações estéticas que diminuem a auto-estima e a qualidade de vida de seus portadores.

O método mais indicado para redução do linfedema, segundo a Sociedade Internacional de Linfologia, é a Terapia Descongestiva Linfática, a qual apresenta a Drenagem Linfática Manual (DLM) como um de seus principais componentes, com o objetivo de direcionar o edema para vias que se mantêm íntegras após as incisões cirúrgicas, podendo, então, ser reabsorvido.

Síndrome do Ombro Caído

O esvaziamento cervical radica pode acarretar uma desordem no ombro homolateral à cirurgia, chamada de “síndrome do ombro doloroso/caído”, por conta da manipulação do nervo acessório.

A dor é uma complicação comum, podendo ser aguda – como conseqüência da cirurgia – ou crônica como conseqüência de inabilidade do ombro devido à secção do nervo acessório após esvaziamento cervical.

A Fisioterapia é fundamental em todo o processo de reabilitação, podendo ser iniciada com a movimentação passiva no pós-operatório imediato e a movimentação ativa e exercícios de fortalecimento da musculatura da cintura escapular podem ser iniciados assim que os drenos forem retirados. A intervenção deve ser realizada de modo a impedir a redução da amplitude de movimento, fazendo com que os pacientes tenham diminuição das deformidades, motivando-os assim a continuar o tratamento Fisioterapêutico, Fonoterápico e de Radioterapia.  As técnicas de terapia manuais podem ser utilizadas como um recurso para a complementação do alívio da dor, pois produz estimulação mecânica dos tecidos, através da aplicação rítmica de pressão e estiramento, reduzindo assim a tensão muscular, melhorando a circulação tecidual e auxiliando na redução da ansiedade do paciente, proporcionando uma melhora na qualidade do sono e da qualidade de vida.

 

Atenção: É permita a reprodução deste artigo desde que citada a fonte.
Autor:  Luana Dias de Oliveira
Especialista em Fisioterapia Oncológica /COFITTO
Especialista em Linfoterapia
Formação em Linfotaping
Formação em Terapia Manual
Formação em Fisioterapia nas Disfunções Têmporo-Mandibulares

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