O Mieloma Múltiplo (MM) é um tipo de câncer hematológico que se origina na medula óssea, caracterizado por expansão dos plasmócitos (células que produzem imunoglobulinas), promovendo progressivamente destruição óssea, falência renal, diminuição das células sanguíneas e infecções.
Epidemiologicamente os pacientes mais acometidos são do gênero masculino entre a sexta e sétima década de vida, sendo mais comum em pessoas idosas, porém 2% dos pacientes diagnosticados com MM tem menos de 40 anos.
Os plasmócitos malignos ativam as células responsáveis pela reabsorção óssea, os osteoclastos. O aumento da atividade dos oteoclastos acaba gerando um desequilíbrio de reabsorção e formação óssea e conseqüentemente destruição do tecido. Dor óssea é o sintoma mais comum do MM estando outras manifestações clinicas também relacionados a destruição óssea, como fratura iminente ou patológica, compressão de medula espinhal e aumento do cálcio no sangue (hipercalcemia).
Portanto, a destruição do tecido ósseo, aumenta o risco de fratura patológica e o tratamento ortopédico será instituído de acordo com a localização e a condição clinica do paciente, no fêmur, por exemplo, há consenso na literatura de que se deve priorizar o tratamento cirúrgico, QUANDO POSSIVEL, por estar este, assim como os ossos da perna, sujeito ao suporte do peso corporal.
Aperfeiçoamento 100% online Fisioterapia em Oncologia com 120hAs fraturas patológicas decorrentes do MM são a maior causa de morbidade e mortalidade dos pacientes, sendo as do quadril frequente causa de queda na qualidade de vida e impacto de custos a sociedade. Assim, o objetivo principal do tratamento cirúrgico das fraturas patológicas é aliviar a dor e restabelecer, o mais rápido possível, a função do membro afetado, melhorando assim a qualidade de vida e a sobrevida do paciente.
O risco de uma fratura patológica é sempre uma preocupação aos profissionais que lidam com esses pacientes incluindo os fisioterapeutas, que por um lado tem interesse em aumentar a mobilidade e independência, mas por outro o receio de causar uma fratura patológica em pacientes com alterações ósseas decorrentes de neoplasias.
Em contrapartida, o repouso no leito pode gerar diversas complicações (fraqueza, encurtamento, atrofia, osteoporose, hipotensão postural, pneumonia, eventos tromboembólicos entre outros), portanto, esse grupo de pacientes deve ser encorajado a realização de atividades durante o período de internação hospitalar pós operatória, como saída precoce do leito, treino da marcha com descarga de peso conforme solicitação médica, fortalecimento muscular, orientações posturais e permanecer sentado sempre que possível.
Com os avanços dos ensaios clínicos, houve um importante reconhecimento dos efeitos benéficos do exercício físico para pacientes com câncer e há um crescente interesse em que sejam instituídos programas de reabilitação, para melhora não somente do desempenho físico, mas também pelo efeito positivo provocado sobre o aspecto psicológico e alivio da fadiga, um sintoma comum entre pacientes com Mieloma Múltiplo.
Ambulatorialmente o paciente com Mieloma Múltiplo deve ser incentivado a realização de um programa que vise a funcionalidade e retorno gradativo a sua atividades cotidianas, dando ênfase aos exercícios aeróbicos, como caminhadas, bicicleta ergométrica, sempre com atenção as suas condições clínicas e para a prescrição de atividades de moderada intensidade com períodos de repouso. São contra indicadas as atividades de impacto, como por exemplo corrida.
Podemos concluir, que tratando-se de pacientes em pós-operatório e com risco eminente de novas fraturas, cabe ao profissional de reabilitação criar alternativas para treinamento funcional ou desenvolvimento de técnicas para compensação, treinamento do uso de equipamentos de tecnologia assistiva e educação do paciente e seus familiares em relação as atividades de vida diária, estando antes de iniciar qualquer tratamento fisioterápico atento a estado geral do paciente, avaliando periodicamente os exames radiológicos e considerado os valores de plaquetas, hemoglobina e hematócrito para prescrição dos exercícios mais adequados.
Atenção: É permita a reprodução deste artigo desde que citada a fonte.
Autor: