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O papel do fisioterapeuta no cuidado paliativo

Segundo a Organização Mundial de Saúde cuidados  paliativos pode ser definido como “uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento”, mas de uma maneira mais simples podemos entender os cuidados paliativos como a arte de cuidar associada aos conhecimentos científicos. Entre os princípios do cuidados paliativos estão:

  • Promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis
  • Afirmar a vida e considerar a morte um processo natural
  • Não acelerar nem adiar a morte
  • Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente
  • Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tão ativamente quanto possível até o momento da sua morte
  • Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e o luto
  • Oferecer abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto
  • Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença

Dentro dessa visão os cuidados paliativos deve ser iniciado desde o diagnóstico de uma doença que ameace a vida, pois quando protocolos médicos são em paralelo feitos junto com uma abordagem de paliação, permite-se que seja resgatada e valorizada a dignidade humana diante de uma condição de finitude da vida.

Com todas as transformações no campo da medicina, principalmente com os avanços científicos que aconteceram no século XX, doenças antes letais acabaram se tornando crônicas e a taxa de sobrevida dos pacientes aumentaram, sobretudo em pacientes com diagnóstico de câncer.

Porém nem sempre um maior tempo de sobrevida é sinônimo de uma vida com qualidade, com a progressão da doença aspectos físicos, psíquicos e espirituais do paciente com câncer podem entrar em degradação, sendo necessário uma visão integral do paciente e de seus familiares, que englobe das  condições sociais as espirituais. Nesse contexto paliativistas  entendem a complexidade e dinâmica do câncer e buscam permitir aos pacientes sem  possibilidade de cura, um atendimento humanizado que leve a um final de vida e morte em paz.

Diante da necessidade de entender os aspectos emocionais, físicos, mentais e espirituais envolvidos na doença, entende-se que ninguém consegue tratar um paciente oncológico sozinho, ainda mais quando existe um risco iminente de morte, demonstrando a importância de uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar, que além dos moldes tradicionais que trás diferentes profissionais da saúde, junto a equipe podem unir-se lideres religiosos, sempre na busca de satisfazer e promover uma qualidade de vida aos pacientes sob cuidados paliativos.

Dentro da equipe o fisioterapeuta, tem um importante papel através de seu  arsenal de técnicas e recursos para alivio da dor e outras condições incapacitantes como a dispnéia. Cabe ao fisioterapeuta, possibilitar a manutenção da autonomia do doente e dar suporte para que o mesmo se mantenha em atividade – sempre que possível –  orientações aos familiares e cuidadores em relação a trocas posturais e transferências, posicionamentos e mudanças de decúbito,  principalmente focando na prevenção de úlceras por pressão, prevenção da síndrome do imobilismo e suas complicações, priorizar as condições ventilatórias através de exercícios respiratórios e eliminação de secreções pulmonares, são alguns exemplos do que o fisioterapeuta pode realizar com pacientes sob cuidados paliativos.

Vale ressaltar que existe uma diferença entre cuidados paliativos e terminalidade, mesmo que a primeira acaba evoluindo para a segunda, isso pode demorar de dias a anos, a partir desse pressuposto deve se priorizar uma abordagem fisioterapêutica eficaz e que permita que enquanto houver vida as tentativas de minimizar qualquer desconforto que possa atingir o paciente não devem ser cessadas.

A base da formação do fisioterapeuta, assim como os demais profissionais da saúde é biológica, deixando muitas vezes os aspectos humanísticos subvalorizados. Na essência de nossa formação, temos um papel reabilitador, o que nem sempre consegue ser atingido durante um tratamento paliativo. Profissionais que atuam nessa área devem ter em mente que faz parte da ética de atenção que o paciente seja o soberano, sendo dele o direito de fazer suas escolhas, inclusive sobre os tratamentos que deseja ou não receber.

Por fim devemos ter a comunicação como um das principais ferramentas terapêuticas, diante da morte saber escutar o paciente e seus familiares pode ser mais eficaz do que um exercício de fortalecimento. Atuar com fisioterapia oncológica e sair do óbvio e do técnico e perceber que não temos o comando de nada, mas possuímos duas coisas primordiais para desempenhar os cuidados paliativos: a arte de cuidar e o conhecimento científico.

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