Paciente plaquetopênico

Paciente plaquetopênico. E agora fisioterapeuta?

Assim, uma avaliação rigorosa deve ser realizada pelo fisioterapeuta antes de iniciar qualquer terapêutica nestes pacientes, considerando as condições clínicas e os parâmetros fisiológicos.

A plaquetopenia, também denominada por trombocitopenia, é a diminuição do número de plaquetas no sangue (menor que 150.000/mm³). As plaquetas são células que possuem propriedade de coagular o sangue, são produzidas na medula óssea e sua função é estancar/impedir hemorragia.

O valor considerado normal de plaquetas é 150.000 a 400.000/mm³ ¹. Nos pacientes oncológicos, a plaquetopenia tem origem multifatorial, resultantes tanto de efeitos diretos do tumor quanto de múltiplos mecanismos de causas secundárias, como invasão da medula óssea, processos inflamatórios e efeitos relacionados à quimioterapia ou à radioterapia.

Os autores, Avvisati e cols., descreveram que pacientes com contagens de plaquetas menor que 10.000/mm³ apresentam uma tendência a sangramento espontâneo mais grave; que contagens menores de 20.000/mm³ pode haver sangramento espontâneo; e, contagens meiores de 20.000/mm³, sangramento espontâneo é raro mas apresentam tendência a sangramento após pequenos traumas³. A presença de hematomas e aparecimento de pequenas manchas puntiformes e avermelhadas na pele ¹.

A infiltração das células cancerosas na medula óssea pode ter um efeito profundo nos pacientes oncológicos, afetando no seu programa de reabilitação². A recomendação de repouso absoluto aos pacientes com câncer, (principalmente os plaquetopênicos), pela crença de que qualquer tipo de atividade física poderia aumentar o risco de hemorragia e agravar o quadro clínico, vem sendo questionada nas últimas décadas 4 Evidencias científicas demonstram que o repouso excessivo, com a falta de atividade física, resulta em descondicionamento grave, fadiga, redução do estado funcional e da qualidade de vida dos indivíduos.4

Então, a implantação da atividade física e da fisioterapia nos pacientes oncológicos tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida, pela redução do índice de fadiga e da capacidade funcional.5 Além disso, um programa de exercício tem importante papel na diminuição das complicações respiratórias, que são responsáveis pela maior causa de internação e 50% dos óbitos nas unidades de terapia intensiva 4

Assim, uma avaliação rigorosa deve ser realizada pelo fisioterapeuta antes de iniciar qualquer terapêutica nestes pacientes, considerando as condições clínicas e os parâmetros fisiológicos (hemoglobina, hematócrito, leucócitos e, principalmente, o número de plaquetas). Com base nisso, De Vita e cols., em 2008 e Stubblefiels e O’Dell em 2009, recomendaram algumas precações em relação a prescrição de exercícios nos pacientes oncológicos, destacando o tipo de exercício conforme as contagens de plaquetas 5 , 6 .

Abaixo segue as principais recomendações:

  1. a) Plaquetas <10.000/mm³ com transfusão de plaquetas antes do treinamento  Atividades de vida diária (assistidas e essências) e saída do leito com supervisão.
  2. b) 10.000 – 20.000/mm³ sem nenhum sinal de sangramento  atividades de vida diária e exercício mínimo (somente essenciais).
  3. c) 20.000 – 30.000/mm³  deambulação assistida, exercícios ativos e leves, mobilidade funcional.
  4. d) 30.000 a 50.000/mm³: atividade física moderada, exercícios resistidos (até 1kg), deambulação.
  5. e) Acima de 50.000/mm³: programa de exercícios resistidos e treino aeróbico.
  6. f) as manobras torácicas e a técnica de aspiração podem ser realizadas com contagens acima de 50.000/mm³ e a vibração torácica isolada com plaquetas acima de 30.000/mm3 .

O uso de ventilação mecânica não invasiva, quando houver indicação, precaução com contagens de plaquetas abaixo de 20.000/mm3 , hemoptise e epistaxe.

Portanto, estudos recentes e de a acordo com a Associação Médica Brasileira (AMB)7, a prática de exercícios físico supervisionado pelo fisioterapeuta, conforme as recomendações já citadas, pode ser segura em pacientes com câncer e/ou plaquetopenia grave, plaquetas > a 10.000/mm³ com reposição (transfusão de plaquetas).

 

Atenção: É permita a reprodução deste artigo desde que citada a fonte.
Autor: Suélen da Silva de Vargas – Fisioterapeuta
Crefito nº. 169.019
Especialização, modalidade residência multiprofissional, em oncologia pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição.

Referencial Bibliográfico 1. Justiniano, A. N. Interpretação de exames laboratoriais para o fisioterapeuta. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2012. 2. Baiocchi, J.M.T. Fisioterapia em Oncologia. Curitiba: Editora Appris – 1º edição – 2016. 3. Avvisati G, Tirindelli MC, Annibali O. Tronbocytopeni and hemarrrhagic risk in câncer patients. Crit. Ver Oncol Hematol. 2003;48:13-6. 4. Brito, CMM, Bazan, M et al. Manual de Reabilitação em Oncologia do ICESP. São Paulo. Editora Manole: 2014. 5.De Vita, Laawrence TS, Rosenberg AS. Cancer – principles & practice of oncologic. Vol. 2. 8. Ed. Wolters Kluwer; 2008. 6. Stubblefield MD, O’Dell MW. Cancer rehabilitation – principless and practice. New Yok: Demos Medical; 2009. 7. Associação Médica Brasileira. Exercícios em Pacientes Oncológicos: reabilitação.

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