Seroma Pós Mastectomia
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Seroma Pós Mastectomia

O câncer de mama é a segunda neoplasia mais frequente nas mulheres brasileiras e também já é considerado uma questão de saúde pública. Para o ano de 2017, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA)

Conforme o Documento de Consenso para o Controle do Câncer de Mama, a indicação cirúrgica depende do estadiamento clínico e do tipo histológico, sendo uma dessas cirurgias conhecida como mastectomia, considerada do tipo não conservadora. (Costa CRA et al, 2004).

A mastectomia radical clássica, descrita por Halsted , permaneceu como tratamento de escolha por aproximadamente 70 anos, sendo que as técnicas com preservação do músculo peitoral maior ou de ambos os peitorais, descritas por Patey ,Dyson e por Madden, passaram a ser conhecidas como mastectomia radical modificada (Gois MC et al, 2010).

As pacientes submetidas à mastectomia radical modificada mostraram-se 2,5 vezes mais propensas a desenvolver seroma (Hashemi E. et al, 2004), que consiste numa complicação de coleção fluída e serosa desenvolvendo-se no espaço morto sob a pele, ocorre geralmente após a mastectomia ou linfonodectomia axilar, o que pode ser uma conseqüência da lesão dos vasos linfáticos e sanguíneos durante a ressecção cirúrgica da mama e dos tecidos adiposos, somada à transudação da linfa e ao acúmulo de sangue no campo cirúrgico (Petito et al, 2014; Agrawal A et al, 2006).

Visualmente há um abaulamento em tecido subcutâneo com flutuação local. Quanto à taxa de incidência de seroma descrita na literatura tende a ser muito variável, entre 3 a 85% (Van Bastelaar J et al, 2016).

Hoje já se sabe que a fixação do retalho reduz o seroma em pacientes submetidos à mastectomia (World Journal of Surgical Oncology, 2016), mas ainda assim existem alguns fatores de risco como a obesidade, a hipertensão, o volume mamário, a presença de gânglios malignos na região axilar, o número de gânglios dissecados e o uso de alguns medicamentos, como tamoxifeno e heparina que também podem afetar sua fisiopatologia (Faisal M et al, 2016).

A patogênese do seroma ainda não é totalmente compreendida (Van Bastelaar J et al, 2016) e o seu surgimento pode atrasar a alta do paciente e seus tratamentos complementares, embora sua formação não ofereça risco à vida, pode ser o precursor para o aparecimento de complicações mais sérias como: necrose da pele, deiscência da ferida, tempo prolongado de recuperação, além de atraso no início de terapias adjuvantes.

( Petito et al, 2014; Unalp HR et al, 2007; Agrawal A et al, 2006).

Estratégias como o uso do dreno de aspiração contínua são eleitas para diminuir a formação de seroma, quanto ao tempo de permanência do dreno ainda há controvérsias, podendo variar de 48 h ou até que o volume em 24 h seja inferior a 50 ml ( Petito etal,2014). Não há ainda um consenso na literatura em relação à movimentação precoce em relação ao seroma, mas num estudo de Petito et al, 2014, um programa de reabilitação precoce, iniciado no 1º PO, com dreno de aspiração contínua, não apresentou associação estatisticamente significativa com a formação de seroma, inclusive propiciou um restabelecimento mais rápido da funcionalidade do membro superior homolateral à cirurgia. A fisioterapia pode atuar também através da compressão externa via orientação de soutien compressivo ou até o uso de bandagem funcional de forma compressiva sobre a coleção de líquido.

Essas informações mostram a importância de uma intervenção precoce com profissionais especializados.

 

Atenção: É permita a reprodução deste artigo desde que citada a fonte.
Autor: Dra Carmen Sylvia Varella Alliz – CREFITTO 3/30209-F
Especializada em Acupuntura
Sócia e Proprietária da ONCOPUNTURA – Cursos de Acupuntura em Oncologia
Especialista em Saúde da Mulher pelo COFFITO e especializada em Ginecologia pela UNIFESP

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