A presença de metástase óssea gera grande impacto sobre o sistema musculoesquelético e seu tratamento permanece um grande desafio para os profissionais da área da saúde, entre eles, o fisioterapeuta, que ao mesmo tempo em que busca através de suas condutas manter e/ou melhorar o nível de independência funcional de seus pacientes, está diante de um risco iminente de fratura.
A metástase óssea ocorre quando células cancerígenas de um tumor primário se disseminam através das vias sanguíneas ou linfáticas para o tecido ósseo.
Os cânceres do pulmão, mama, próstata, rim e tireoide são os que levam com maior frequência a migração dessas células. Sendo os ossos mais afetados: coluna vertebral, crânio, costela, fêmur e úmero proximal.
As principais manifestações relacionadas à metástase óssea são a hipercalcemia, dor, compressão medular e fratura patológica. Diversos tratamentos médicos podem ser instituídos para minimizar os sintomas gerados por essas manifestações, entre eles, a radioterapia, a ablação, as cirurgias ortopédicas, prescrição de analgésicos, opiódes e os bifosfanatos.
Reconhecer e tratar de maneira complementar os sinais e sintomas, prevenir as sequelas relacionadas a progressão da doença, como o imobilismo, fraqueza muscular, fadiga, descondicionamento físico, deformidades e dor, também é papel do fisioterapeuta, especialista em oncologia.
Eletroestimulação transcutânea, técnicas de relaxamentos, cinesioterapia, acupuntura e termoterapia, são alguns exemplos de recursos que podem ser utilizados em conjunto com o tratamento medicamentoso, na tentativa de minimizar quadros de dor oncológica.
Em relação às manifestações neurológicas, essas geralmente acontecem quando a doença atinge o corpo vertebral, causando deslizamento/desabamento da vértebra e lesionando a medula espinal. Ao fisioterapeuta cabe prevenir deformidades, treinar transferências e atividades de vida diária, prescrever órteses de posicionamento e exercícios de acordo com o nível neurológico atingido.
Um dos motivos do imobilismo e suas consequências é a fragilidade óssea, que aumenta o risco de fraturas patológicas (descontinuidade óssea sem histórico de trauma ou de pequeno impacto) e diminui a qualidade de vida dos pacientes. A fisioterapia tem ação direta em estratégias preventivas de queda, como remoção de tapete, uso de barras de apoio, iluminação adequada, disposição de mobílias, etc. Diminuindo assim a chance que eventos de queda ocorram e possivelmente fratura.
Em fraturas já instaladas, o paciente pode ter indicação de cirurgias ortopédicas, em que a fisioterapia realizará um programa de recuperação pós-operatório individualizado. Em casos de pacientes paliativos e sem indicação cirúrgica, órteses e/ou coletes de posicionamento podem ser necessários para imobilização do foco da fratura e permitir que manuseios cautelosos possam ser realizados, como mudanças de decúbito, sedestação e se possível até deambulação.
Para que a abordagem seja feita com segurança é importante que o fisioterapeuta, tenha comunição direta com o médico responsável, acesso a exames ósseos recentes e siga as recomendações da ACSM (American College of Sports Medicine) sugeridas em um guideline de exercícios para pacientes com câncer:
> 50% da cortical do osso comprometidas: não realizar exercícios, manuseio leve, sem descarga de peso, uso de muletas e andadores.
25 – 50% de comprometimento cortical: exercícios ativos, com amplitude de movimento máxima, sem tração. Descarga de peso parcial.
0 – 25% de lesão na cortical do osso: exercícios aeróbicos leves, evitar atividade de levantamento e esforço, descarga de peso total. (*)
Esses dados reforçam a importância da abordagem fisioterapêutica diante de pacientes com câncer, independente do estágio da doença, quebrando o paradigma que pacientes com metástase óssea não podem realizar atividades/exercícios físicos sob supervisão profissional, e sim, que tem indicação quando realizada uma avaliação criteriosa e um programa que leve em consideração todos os aspectos que envolve o paciente com câncer.
(*)KARAVATAS, Spiridon G. et al. Physical therapy management of patients with multiple myeloma: musculoskeletal considerations. Rehabilitation Oncology, v. 24, n. 3, p. 11, 2006.
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